06/01/2009

DIA D


Foi um arrepio frio que a acordou. Abriu os olhos sentindo o ar entrando nos pulmões. Não sabia que era a última vez que acordava. Seu destino estava marcado: nesse dia, iria morrer.
Levantou ainda tonta. Escovou os dentes, se olhou no espelho se encarando. O que queria? Não sabia. Ainda sem resposta, resolveu que iria trabalhar de táxi. Estava cansada de pegar ônibus. Arrumou-se, vestindo seu melhor vestido, passando o melhor perfume. Disse que iria descalça, riu, queria se sentir livre. Por dois segundos pensou no passado, mas decidiu seguir em frente. Não sabia, mas era um dia diferente. Daqueles que a gente nem sente.
Uma vez no trabalho, não viu motivos para entrar. Exitou. Deu meia volta... em direção para a rua, correu. Não corria há muito tempo, e girou, girou... Parou cansada, ofegante, sentia a vida correndo em seu corpo, batendo no peito. Estava bem. Podia se dizer que era louca, mas ela se dizia feliz. Ela não sabia, mas nesse dia, era o que quis. Sorriu com um olhar distante.
Não vendo ninguém, não ouvindo nada, ela se dirigiu para o mar. Queria boiar.
Ela não sabia, mas era seu último dia.

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